terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Quero ser pirateado, dizem artistas como Emicida e Mr. Catra


Projeção aos músicos

G1


Créditos: Divulgação
O que eles querem é arrebatar público para os shows. A barraquinha de camelô acaba prestando um serviço de divulgação, oferecendo o material desses artistas a um público mais abrangente. Perder parte da arrecadação das vendas de CDs, nestes casos, pode ser um bom negócio: funciona como instrumento cultural ao permitir acesso e projeção. E alguns artistas não têm medo de dizer: querem mais é ser pirateados.

O rapper Emicida ainda vai além. Gosta mesmo é de ser reconhecido por esses vendedores ilegais. Na visão dele, a pirataria é uma espécie de MST (Movimento Sem Terra) da reforma agrária musical que ele deseja fazer.

“A pirataria é nossa foice, a ferramenta pra lutar contra a forma incorreta da distribuição musical no país. Nossas músicas chegam até as pessoas através desse mercado negro, seja ele físico ou virtual. No meu caso, foi fundamental.”

Emicida começou a ganhar fama graças aos vídeos caseiros que eram feitos durante as batalhas de rap de que ele participava - e vencia. “Na época em que vivemos, não tem sentido sair por ai cantando piolho de quem coloca meus vídeos e discos na internet ou vende em barraquinha. Quero mais é ser pirateado mesmo.”

Seu primeiro CD foi feito na unha. Para divulgar o  trabalho, Emicida criou a Laboratório Fantasma. Dentro de casa, e com a ajuda do assessor, Evandro Fióti, eles gravavam, copiavam, embalavam e vendiam os discos nos shows. O que inicialmente era apenas uma gravadora de fundo de quintal, hoje caminha para virar um selo de rap.

"Comecei pirateando a mim mesmo. É a maneira que encontrei de fazer a coisa da forma que julgo correta. Vendo minha discografia nos shows por cinco reais. Com o salário mínimo que temos, cobrar 15 reais eu já acho que é dar bica na cabeça das pessoas."

Outro expoente do rap, Criolo, também parece dar de ombros à venda - legal ou ilegal - de discos. Para garantir que seus fãs lotarão as casas de shows não apenas para cantar a já conhecida “Cálice”, releitura da música de Chico Buarque, ele colocou o álbum completo em seu site pessoal para ser baixado de graça. “Acredito que disponibilizar o disco pra download ajuda a diminuir a distância entre o público e a música que faço”,diz.

Uma câmera na mão..
O fim do apartheid musical também é defendido pelo funkeiro Mr. Catra. Sem lançar discos há mais de cinco anos, ele permanece entupindo casas de shows não apenas na cidade-berço da vertente, o Rio de Janeiro. É a filmagem informal de suas apresentações, vendida nas ruas, ou disponível na internet, que o mantém quentinho no mercado.

“Funkeiro não vive sem a pirataria. Pode filmar, divulgar, é isso mesmo. Ganho a vida fazendo show. A gente não consegue espaço nas rádios, ou gravadoras. Somos censurados. Ainda somos vistos como vertente da ralé. Mal sabem eles que tocamos na gringa e em lugares requintados.”

Catra é ainda mais ácido. Na visão do funkeiro, a maioria dos artistas vive de jabá. Para ele, a pirataria nada mais é do que um jabá não regulamentado. “Dá no mesmo. É estupidez falar que o mercado ilegal é crime. É ele quem faz o artista.”

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