terça-feira, 1 de maio de 2012

O Funk Pede Paz quer mostrar lado construtivo

Créditos: Reprodução

Acusado de ser porta-voz do mundo do crime, o funk pede paz para continuar a mostrar o seu lado construtivo. Porém, diante das mortes de dois MCs em pouco mais de uma semana, parte dos que se dedicam a esse gênero musical está deixando Santos e São Vicente e partindo para outras regiões do Estado (veja matéria).

Para espanto de muitos leitores que não têm contato com esse tipo de expressão, a banda                                                    
sadia do movimento existe, sim, e vem crescendo.

Pelo menos é o que dizem os MCs (sigla em inglês para mestre de cerimônias), empresários, produtores e fãs do funk regional e paulistano que conversaram com A Tribuna.


Pedindo anonimato por razões de segurança, todos demonstraram medo e indignação frente à onda de execuções em Santos. A situação choca principalmente por ocorrer no local considerado o “berço paulista do funk”.

Talvez o leitor também não saiba, mas a Baixada Santista é referência forte do estilo. “Tem tradição por ter sido o segundo reduto a acolher o movimento musical no Brasil (a primeira cidade foi o Rio de Janeiro)”, conta um produtor de funk de vários artistas de São Paulo e do litoral.

Relatos apontam que o estilo chegou por aqui há mais de 15 anos. A Baixada já até exportou estrelas locais. Uma delas foi MC Primo, assassinado no dia 19. Primo foi sucesso nas noites cariocas e do resto do País depois que uma de suas músicas entrou numa coletânea do consagrado DJ Marlboro.

Na faixa mais famosa, chamada Diretoria, Primo canta: “Eu sou guerreiro; sou certo e não admito falha. Favela dá um papo reto, não somos fãs de canalha”.

Em outro trecho o MC dispara: “Olha a revolta do muleque(sic) sofredor. Se jogou nas ondas da maldade. Maluco, agora é tarde, o seu castelo desabou. Selva de pedra em que vivemos, pra se esquivar do tormento temos que nos libertar. O clima aqui está difícil, mas se liga aí, parceiro, que eu vou continuar”.

O produtor, que não quis se identificar, é um dos organizadores do movimento O Funk Pede Paz, que também é o título de uma música. A iniciativa reuniu dezenas de participantes em um protesto pacífico contra a onda de execuções de MCs na Baixada Santista.

A manifestação foi na Avenida Paulista, na Capital, e recebeu muitos comentários nas redes sociais, como Facebook e Twitter.

“Nós não vamos nos calar. Em muitas comunidades, o funk tem sido a voz mais forte. Tem MCs que viram verdadeiros ídolos para meninos e meninas, pois eles falam da realidade da periferia. Existem letras de protesto contra várias formas de opressão. Isso pode estar incomodando”, conclui o produtor, para quem os artistas mortos funcionaram como uma espécie de troféu para demonstrar força.

Uma nova passeata, desta vez na Praça da Paz Universal, na Zona Noroeste, está sendo combinada pelas redes sociais para o próximo sábado, às 15 horas.

Crimes
Até agora, cinco MCs foram assassinados na Baixada Santista, todos no mês de abril. O último assassinato vitimou o MC Careca, de 33 anos. Ele foi morto a tiros próximo de sua residência, no Bairro Castelo, em Santos.

No dia 19, o cantor Jadielson da Silva Almeida, conhecido como MC Primo, de 28 anos, também foi assassinado. Ele foi executado na frente do casal de filhos, no Jóquei Clube, em São Vicente.

Em 12 de abril do ano passado, Eduardo Antônio Lara, o Duda do Marapé, de 27 anos, foi morto com pelo menos nove tiros à queima-roupa.

Em 11 de abril de 2010, Felipe da Silva Gomes, o DJ Felipe, de 20 anos, e o MC Felipe Wellington da Silva Cruz, o Felipe Boladão, também de 20 anos, foram mortos quando esperavam uma carona para realizar um baile funk em Guarulhos. O crime ocorreu no Jardim Glória, em Praia Grande.

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