segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Neymar em Praia Grande, no tempo em que era Juninho


PRAIA GRANDE

O garoto esbanjava talento entre a molecada e o time de várzea do Jardim Glória


Publicado em 21/09/2012, 16:25
Última atualização às 16:51

  
Neymar em Praia Grande, no tempo em que era Juninho
Neymar no início da carreira no Santos (Foto: Divulgação)
Neymar da Silva Santos Júnior nasceu em Mogi das Cruzes e teve uma infância nômade devido às empreitadas futebolísticas do pai, também ele um atacante. Antes de a família Silva Santos desembarcar na Baixada Santista, eles moraram em Várzea Grande, no Mato Grosso, onde o Seu Neymar vestiu a camisa do Operário Futebol Clube e se sagrou campeão estadual, em 1997, quando Neymar Júnior tinha cinco anos de vida. 
Chegando ao litoral paulista, a família viveu na casa da avó paterna do craque, em São Vicente. Com o nascimento de Rafaella, a caçula da família, o espaço tornou-se pequeno e os quatro se mudaram para a Praia Grande, onde viveram  nove anos. 
Família de Neymar (Foto de divulgação)
Neymar ainda criança na Praia Grande ao lado dos pais e da irmã
No Jardim Glória, na periferia da cidade, o garoto foi se habituando a fazer do futebol o seu estilo de vida. “Cheguei a ter 50 bolas em casa” – revelou Neymar, aos 14 anos, em entrevista à TV Tribuna. Como a maioria das crianças, ele conciliava os estudos com a brincadeira predileta, jogar futebol. Os amigos do bairro contam que podia ser em casa – num campinho de areia no quintal, feito pelo pai –, na rua, no campo do Grêmio, o “Juninho”, como era chamado, estava sempre chutando uma bola.
Jonathan Santos Marcelino, 20, repositor em uma transportadora de tintas, era um dos amigos de Neymar. Ele lembra que almoçava na casa do atacante e vice-versa e sempre jogava vídeo game. “A gente estudava no Tio Baptista (Escola Municipal José Júlio Martins Baptista), onde fomos campeões dos jogos escolares. Foi uma época muito boa".
Jonathan amigo de Neymar (Foto Enio Lourenço)
O jovem conta que reviu o amigo famoso apenas uma vez, depois que a família de Neymar mudou para Santos. “Houve um jogo da Seleção Brasileira de Futsal, com o Falcão, no Ginásio Poliesportivo Municipal, e o Neymar deu o pontapé inicial da partida. Nesse dia, ele saudou o meu irmão, mas não me viu.”
Das fortes lembranças de Jonathan, as que mais o empolgam são as da molecada jogando bola nas ruas do Jardim Glória. As peladas iam de depois das aulas até o anoitecer. “Teve um dia em que o Neymar trouxe os amigos dele do Gremetal (clube de Santos onde jogava futsal) e chamou a gente para jogar contra eles na rua. Um dos moleques do time do Neymar era o Alan Patrick (ex-jogador do Santos, hoje no Shakhtar Donetsk), mas não conseguiram nos vencer. O jogo terminou 20 a 19 para nós” – diz, entre risos.


Os primeiros chutes no campo do time de várzea 

 Grêmio Praia Grande (Foto: Enio Lourenço)
Celinho, presidente do Grêmio, e Biro, primeiro técnico
A referência em futebol no Jardim Glória é o Grêmio Praia Grande. Localizado ao lado da Via Expressa Sul, o clube – basicamente um campo de futebol –, fundado em 1969, é conhecido nos campeonatos amadores da Baixada Santista. O presidente do Grêmio é o pedreiro Celiano Alfredo da Silva, o Celinho, de 62 anos. Ele conta que é difícil manter categorias de base na agremiação e não mede esforços para manter o que chama de trabalho social. “Muitos garotos treinam sem ter o que comer. Então, a gente compra  pão, mortadela e suco pra eles, antes dos treinos e jogos.” 
Neymar era vizinho do Grêmio Praia Grande e resolveu jogar na várzea do bairro, dos nove aos onze anos. O seu técnico foi Eugênio Silva Rosa, o Biro. Mecânico e ex-jogador de futebol, ele treinava o time pré-mirim do Glória, no início dos anos 2000. “O Neymar era um menino tímido, falava pouco, mas no campo era diferente dos outros. Não existia timidez com a bola rolando. Mesmo os garotos mais velhos não conseguiam segurá-lo.” Celinho e Biro se recordam de que Roberto Antônio dos Santos, o Betinho – olheiro santista, que revelou Robinho e depois levou Neymar para a Vila Belmiro – esteve “umas  vezes no campo do Grêmio”, observando os jovens jogadores. “Pouco depois o Neymar já jogava nas categorias de base do Santos.” 
Ambos lamentam apenas que o astro da seleção brasileira fale pouco de seu passado no Jardim Glória. “A gente fica triste porque ele não fala nada da época em que esteve no Grêmio. Talvez porque os empresários achem que a gente vai querer alguma coisa” – diz Celinho. Os dois mantêm a esperança de que Neymar faça uma visita para conversar com os garotos do bairro ou doar material esportivo para ajudar jovens que têm vontade de um dia se tornar em iguais a ele.

Um orgulho do Jardim Glória

Escola Municipal José Júlio Martins Baptista (Foto: Enio Lourenço)

Em todas as ruas nomeadas por letras do Jardim Glória sempre se encontra alguém que tenha alguma lembrança do pequeno menino franzino, tímido, que falava baixo e para dentro, mas que com a bola nos pés – seja no asfalto quente, na quadra ou no campo – fazia os outros gritarem por ele.
Nas escolas Estadual Oswaldo Luiz Sanchez Toschi e na Municipal José Júlio Martins Baptista nenhum funcionário fala da vida escolar do famoso ex-morador do bairro. Mas, nas ruas do bairro, quase todos dizem ter a honra de conhecê-lo. E quem o conheceu, criança, fala de boca cheia das habilidades do craque com a bola, da destreza e da facilidade com que a manuseava com os pés. Outros moradores se sentem orgulhos por viverem no mesmo lugar onde um dia morou um dos maiores fenômenos do futebol e da mídia. “O pessoal do Glória se sente orgulhoso do sucesso do Neymar na Seleção Brasileira e no Santos. Quem sabe um dia ele não aparece aqui para dar um abraço na gente” – afirma de maneira esperançosa o seu ex-técnico Biro.

Amigo de infância luta para virar jogador de futebol

Yago Vieira (Foto: Enio Lourenço)
Yago Vieira, amigo de Neymar
“A nossa infância era estudar e jogar bola. Eu e o Neymar fazíamos campeonatos de futebol na rua. Todo mundo do Jardim Glória parava para assistir. A maioria dos moleques do bairro é habilidosa, porque jogam bola desde criança o tempo todo.” 
Diferente do célebre amigo de infância e companheiro de peladas de rua, Yago Vieira da Cruz, de 20 anos, é um meia-esquerda que ainda luta por um lugar no futebol. Segundo a mãe, a empregada doméstica Tatiane Vieira, o filho “disputou a primeira Copa TV Tribuna (na qual Neymar se destacou pelo colégio Liceu São Paulo, de Santos, aos 12 e 13 anos), mas na época não era televisionada”. Graças aos torneios da escola, o garoto teve algumas propostas para estudar em colégios particulares, mas recusou: “Não queria sair do meu bairro”.
A primeira experiência de Yago no futebol de campo foi a mesma de Neymar. No campo do Grêmio Praia Grande, os dois eram parceiros ofensivos. “Os treinos eram no fundo do campo, atrás do gol, porque éramos muito pequenos. Na época, o espaço parecia gigante.” Aos 12 anos, os jovens se separaram. Yago fez um teste no Corinthians. “A gente treinava no terrão de Itaquera, mas depois de três meses eu voltei, porque não me adaptei à casa de uma tia e sentia falta da minha família e do Glória” – conta Yago. 
Pequeno milionário
Neymar aos 13 anos (Foto de divulgação)












Aos 13 anos, Neymar despontava nas categorias de base do Santos, chamou a atenção dos clubes da Europa e foi convidado a fazer estágio no Real Madrid. Na iminência de perder o craque, o ex-presidente do alvinegro praiano, Marcelo Teixeira, ofereceu à família Silva Santos R$ 1 milhão em luvas, para o jogador permanecer no Brasil. No ano seguinte, Neymar Jr. passaria a ganhar cerca de R$ 25.000,00 mensais – valor superior ao que muitos jogadores profissionais recebem no Brasil.
Ao retornar à Praia Grande, Yago seguiu no futsal e na várzea até ser descoberto pelo ex-ponta-direita do Santos Manoel Maria e levado a atuar pelo Jabaquara Atlético Clube, de Santos. “Fiquei três anos, nas categorias infantil e juvenil, e disputei um ótimo Campeonato Paulista Sub-17.” Nessa época, o jogador e sua família assinaram um contrato com a CFS Sports. A empresa se tornou dona dos direitos esportivos de Yago por quatro anos (dos 14 aos 18) e estabeleceu multa rescisória de
R$ 250.000,00. “Do Jabaquara eu tinha chance de ir para o Santos, porque o Manoel Maria era muito influente e já havia levado o Geovânio, hoje atacante reserva do Peixe. Bastava eu ficar mais um pouco por lá. Mas o meu empresário (que ele não diz o nome) vetou a minha permanência.” Yago, então, começou a pingar de clube em clube do Brasil.
Aos 16 anos, ele estava no América Mineiro. Lá, o meia-esquerda conquistou os dirigentes e treinadores com o seu estilo de jogo, fazendo com que eles se interessassem em adquirir os direitos federativos da CFS Sports. “Estávamos no hexagonal final do campeonato mineiro e meu empresário precisava levar o documento à federação autorizando a minha transferência, mas a CFS melou a negociação.” 
Yago chamou a atenção de Mauro Fernandes, ex-coordenador das categorias de base do Atlético Mineiro – hoje treinador do time profissional do América Mineiro. No Galo, Yago ficou três meses, mas quebrou o tornozelo e ficou oito meses afastado dos campos. Ao se recuperar, disputou torneios por times de empresários e, em 2011, foi para o Vasco da Gama. “Foi o lugar onde passei mais dificuldade na vida”. Nos quatro meses em que permaneceu no Rio de Janeiro, a CFS nunca o ajudou financeiramente. “Houve dias em que eu fiquei sem comer. Eu ia para o treino à base de água. Às vezes algum amigo me dava biscoito para comer” – comenta entre lágrimas o jogador que não contou a situação à mãe, para não atormentá-la.
Sem resposta sobre a sua permanência no Vasco, Yago aguardou o fim do contrato com a CFS Sports, para reaver sua autonomia. Ele voltou a jogar na várzea de Praia Grande e chamou a atenção de novos empresários que o levaram a uma peneira em São Bernardo. De cerca de 100 jovens, ele se destacou e foi convidado a fazer uma pré-temporada, a fim de se recondicionar fisicamente, com uma equipe profissional de Maria da Fé, no interior de Minas Gerais – no dia da entrevista, Yago se preparava para viajar. Ele diz que existem propostas para realizar seu sonho em outro país: “Não é nada concreto, mas me falaram sobre propostas de Portugal, Alemanha, Suíça e Vietnã. Espero que dê tudo certo. Quero realizar meu sonho e não vou desistir.”

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Greve dos bancários começa nesta terça-feira em todo o País

Sindical

De A Tribuna On-line

Atualizado às 21h20

Com informações da Agência Estado

Os bancários de todo o País entram em greve a partir de terça-feira. A paralisação foi anunciada na semana passada e os detalhes do movimento estão sendo detalhados em assembleias realizadas em várias cidades. O início do movimento também foi aprovado pelos bancários da Baixada Santista, em assembleia realizada na noite desta segunda-feira. 

Saiba como pagar suas contas 
A ameaça de greve da categoria foi feita desde a primeira semana do mês, quando a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) apresentou proposta de reajuste salarial muito distinta da reivindicação dos bancários, os trabalhadores. Ao todo, são cerca de 500 mil funcionários no País.

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"A nossa briga é com os banqueiros, não com a população. Por isso o acesso aos terminais eletrônicos estará garantido pelo comando de greve. Não impediremos a pessoa de pagar a conta. Só não permitiremos o atendimento no caixa", ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários, Ricardo Saraiva, o Big. 

Reivindicações 
Os banqueiros apresentaram proposta de reajuste linear para salários, pisos e benefícios de 6%. A proposta passa longe da reivindicação dos trabalhadores que pedem 10,25%, sendo 5% de aumento real. "As expectativas que eles (bancários) demonstram estão fora da realidade que a economia está vivendo. Este ano a economia está muito indefinida. Precisamos de certa cautela para fazer acordos", justificou o diretor de Relações de Trabalho da Fenaban, Magnus Ribas Apostólico.

"Neste ano, o que eles ofereceram dá só 0 58% de aumento real", diz Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Apostólico contesta a avaliação dos bancários de que a Fenaban não está disposta a negociar: "Nós dissemos a eles: avaliem a proposta, vejam se existe alguma coisa que precisa ser feita de forma diferenciada, que nós levaremos aos bancos". 

De acordo com ele, a Fenaban está disposta a fechar acordo com os bancários, mas tem limitações. "Temos uma convenção coletiva bastante cara com muitos benefícios. É possível evoluir, mas não é possível fazer grandes saltos", afirmou. 

Além do reajuste salarial, os trabalhadores pleiteiam mudanças na participação nos lucros e resultados (PLR) e em outras questões econômicas. A proposta da Fenaban foi de PLR de 90% do salário acrescido de valor fixo de R$ 1.484,00, podendo chegar a 2,2 salários de cada empregado. A reivindicação dos bancários à Fenaban é de PLR de três salários mais R$ 4.961,25 de parcela fixa.

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